Não é exagero dizer que Londrina está ficando isolada mais uma vez. A partir das próximas semanas, a cidade terá apenas um voo direto por dia para Curitiba. A Azul Linhas Aéreas decidiu cortar justamente o trecho mais procurado pelos passageiros, o das 8h35 da capital para cá e o das 10h15 no sentido inverso.
O motivo? Segundo a empresa, reestruturação de rotas por baixa ocupação. Mas convenhamos: cortar o voo mais estratégico do dia, num dos aeroportos mais movimentados do Paraná, parece mais uma escolha política do que empresarial.
Enquanto cobramos que o ILS seja logo instalado, o aeroporto de londrina perde mais um voo.
O novo cenário é desanimador: só vai dar para ir a Curitiba às 18h20 e voltar no outro dia às 16h40. Ou seja, nada de bate-volta, reuniões no horário comercial ou agendas institucionais que comecem cedo.
Para empresários, políticos e representantes de entidades que dependem dessa conexão diária, isso é quase um golpe.
Segundo a deputada federal Luísa Canziani, a Comissão de Desenvolvimento e Infraestrutura da Região de Londrina reagiu rápido. A comissão já acionou a própria Azul e o governo do Estado. Quer reverter o corte, envolver parlamentares de outras regiões e discutir soluções de longo prazo. O discurso é firme: a situação é insustentável.
O Aeroporto Governador José Richa, com seus mais de 600 mil passageiros ao ano, segue sem infraestrutura à altura do seu movimento. Perde rotas, reduz opções e parece condenado a operar abaixo do seu potencial.
Tudo isso enquanto Londrina tenta sustentar o título de polo econômico e universitário do interior. Cada vez mais difícil
A discussão, claro, não é só sobre um voo. É sobre o modelo de desenvolvimento que queremos. Já temos problemas por estarmos cercados de praças de pedágio, sem conectividade aérea Londrina perde mais competitividade, investimentos e protagonismo. Fica menor, mesmo crescendo.
Nada evolutivo para a cidade que está rumo aos 100 anos e a 1 milhão de habitantes.
A mobilização política é bem-vinda, mas precisa ser firme e coletiva. Porque do jeito que está, quem quiser ir para Curitiba de manhã vai precisar dormir lá na véspera. Ou torcer para que os trens do século passado voltem à ativa.