Foi lançado nesta semana (terça-feira, dia 25), no auditório da Prefeitura de Londrina, o Connect-X, um curso pré-vestibular gratuito voltado a estudantes do 3º ano do ensino médio da rede pública. A proposta é nobre: oferecer 250 vagas presenciais e 5 mil on-line para quem quer disputar uma vaga nas universidades públicas do Paraná.
Mas, sinceramente? Não deu pra entender nada.
O projeto foi apresentado como uma parceria entre o Grupo Giusto 5 (mantenedor do Colégio Maxi) e a Prefeitura de Londrina. Só que o público-alvo são os alunos da rede estadual. As aulas presenciais acontecerão no centro da cidade, na Rua Benjamin Constant. Até aí, ok. Mas as aulas on-line serão transmitidas em escolas estaduais, com apoio... de quem? Da Secretaria de Educação do Estado? Não. Da Codel. Isso mesmo. A Codel.
Pra quem não lembra, a Codel é o Instituto de Desenvolvimento de Londrina. Atua com tecnologia, inovação, planejamento urbano e desenvolvimento econômico. Educação, definitivamente, não faz parte do seu escopo direto. E é exatamente por isso que essa história soa tão confusa.
Quem está encabeçando o projeto? A Prefeitura. Mas ele vai funcionar dentro das escolas estaduais, que são geridas pelo Núcleo Regional de Educação, um órgão estadual. E, mesmo assim, a interlocução está sendo feita pela Codel, e não pela Secretaria Municipal de Educação.
É como se cada peça desse quebra-cabeça tivesse sido colada com fita crepe.
Na prática, o Connect-X busca melhorar o desempenho dos alunos no programa Aprova Paraná Universidades, que reserva 20% das vagas das universidades públicas estaduais para estudantes da rede pública. A ideia é ótima. Mesmo!
No último edital da UEL, por exemplo, foram oferecidas 598 vagas por essa via. Só 111 alunos se inscreveram. E apenas 75 passaram.
Ou seja: existe uma oportunidade gigante, e muita gente simplesmente não está preparada para aproveitá-la. A criação de um cursinho gratuito focado nesse público é algo que, sim, precisa ser comemorado.
Mas quando o projeto chega travestido de política pública municipal, sem coordenação direta da Educação, soa mais como propaganda, ou envolvimento político, do que como planejamento real.
O CEO do Grupo Giusto 5, Bruno Chaves, defendeu o foco do projeto: preparar melhor os alunos para esse tipo de vestibular. Segundo ele, as aulas começam já em agosto. A proposta para 2026 é tornar o curso semiextensivo, ou seja, começar antes, lá em março, para dar mais tempo de preparação.
Agora, resta torcer para que essa costura institucional meio "esquisita" funcione. Porque a juventude de Londrina, especialmente a da rede pública, precisa, sim, de apoio para alcançar a universidade. Mas precisa, antes de tudo, de projetos com menos confusão política e mais clareza técnica.