Em tempos de contingenciamento de recursos e de união de secretarias na proposta de reforma administrativa (que provavelmente nem saia do papel), a Sociedade Rural do Paraná e a Frente Parlamentar da Câmara tiram de saldo de uma reunião a ideia de criar a Secretaria Municipal de Turismo de Londrina.

A sugestão surgiu de um encontro entre a Frente Parlamentar de Gastronomia e Turismo da Câmara Municipal e a diretoria da SRP, realizado nesta semana no Parque Ney Braga. Estavam presentes os vereadores Matheus Thum (PP), Paula Vicente (PT) e Antônio Amaral (PSD) (a frente parlamentar mais eclética da casa) ao lado do presidente da SRP, Marcelo Janene El-Kadre, e demais diretores da Rural.

A pauta: Grandes planos para o turismo local, como a construção de uma arena multiuso dentro do Parque Ney Braga Eventos. Um espaço fixo para shows, feiras, leilões e congressos.

A Rural parece estar criando, não um centro de eventos, mas sim um verdadeiro Castelo de Eventos. O maior e mais moderno espaço da cidade vem aí!

Mas não custa lembrar que, em Londrina, infraestrutura de verdade (aquela que atrai grandes eventos e gente) ainda está longe do ideal. Falta voo (basta uma nuvem e o avião nem sobe nem desce), falta hotel (a estrutura lota fácil), falta até calçada decente nos principais pontos turísticos. E, até então, faltava também um espaço para públicos entre mil e dez mil pessoas, o que, ao que tudo indica, será resolvido pela iniciativa da Rural.

Londrina tem, sim, potencial turístico, disso ninguém duvida. Mas transformar isso em realidade depende de política eficiente, planejamento de longo prazo e, principalmente, gestão. E diante disso, vem a ideia: “Vamos criar uma secretaria pra cuidar disso!”

A justificativa ´´e que com uma secretaria própria, a cidade poderia captar recursos federais e estaduais diretamente, por meio do sistema chamado “fundo a fundo”. Parece prático, mas o buraco é bem mais embaixo.

A pergunta que não quer calar: será que criar uma nova secretaria é mesmo o único jeito? Em plena discussão sobre corte de gastos e fusão de pastas, será que o prefeito toparia uma dessas?

Mesmo assim, os vereadores devem seguir com o pedido ao lado da SRP, que tem influência política considerável, já que foi base de campanha do prefeito e continua sendo na administração.

Vale lembrar: para receber recursos na modalidade “fundo a fundo”, basta que exista um conselho para fiscalizar e gerir, e uma secretaria à qual o fundo esteja vinculado. Hoje, o Conselho Municipal de Turismo poderia, por exemplo, estar ligado à Secretaria de Governo, o que já permitiria receber esses recursos, sem necessidade de criar uma nova estrutura e sem gerar mais gastos ao município.