Sabe aquela história de que a cadeia é o fim da linha? Pois é… parece que, pra algumas facções, ela é mais um escritório com papel, caneta e muito poder. É o que mostrou a Operação Apocalipse, que virou manchete por ser a maior já realizada no Paraná contra o crime organizado. E, claro, com Londrina no centro do furacão.
O Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) denunciou 152 pessoas por envolvimento com uma facção que operava diretamente da Penitenciária Estadual de Londrina. Isso mesmo: o esquema funcionava de dentro pra fora. E com mais de 130 pessoa lá dentro!
Tudo isso veio à tona graças à análise minuciosa de materiais apreendidos em uma operação anterior, a White Book, deflagrada em 2023.
Foi ali que os promotores encontraram o fio da meada. Segundo o promotor Jorge Barreto, do Gaeco de Londrina, os líderes do grupo criminoso se comunicavam com o “mundo externo” por meio de bilhetes manuscritos, códigos, mensagens escondidas e recados passados por familiares e até advogados. Uma verdadeira aula de criatividade criminosa, diga-se de passagem.
Entre os 152 denunciados, deu para mapear quem fazia o quê: líderes, executores, operadores logísticos, o pessoal do caixa. A maioria dos envolvidos já estava dentro da cadeia, mas outros estavam soltos e, segundo o Ministério Público, alvos de prisão preventiva.
A Operação Apocalipse não é um trabalho solitário. Ela é resultado da parceria entre o Gaeco e o 2º Comando Regional da Polícia Militar de Londrina. E aqui vale uma ressalva positiva: quando os órgãos de segurança realmente se integram, o crime sente o golpe. Como diz o próprio promotor Barreto, cruzar informações e rastrear conexões é o caminho para desmontar essas estruturas que pareciam invisíveis.