Greve nas creches municipais começa sem a presença do prefeito, do vice e da secretária de Educação. Todos fora da cidade em plena crise.
Londrina acordou nesta terça-feira, 13, com as portas dos Centros de Educação Infantil (as famosas creches) fechadas. Professores e professoras iniciaram uma greve por tempo indeterminado, depois de tentativas frustradas de negociação com a Prefeitura. A pauta é justa: além da reposição inflacionária de 4,77%, o grupo cobra valorização salarial. Afinal, ninguém vive só de amor à profissão, né?
Mas o que mais chama atenção nesse enrosco todo não é só a paralisação. É quem não está em Londrina para lidar com ela.
O prefeito Tiago Amaral? Está em Nova York. O vice, Junior Santos Rosa? Foi pra Curitiba. A secretária municipal de Educação, Vânia Costa? Também fora da cidade.
Parece até roteiro de comédia: começa uma greve na Educação e simplesmente ninguém do comando da cidade está presente.
A greve foi aprovada por cerca de 100 educadoras em assembleia e hoje teve mais de 250 reafirmando que ela continua. O sindicato já vinha alertando: se não tivesse proposta concreta, vinha paralisação por aí. E ela veio.
Agendas importantes à parte, claro que o prefeito pode representar Londrina em Nova York. Em nota oficial a comunicação da prefeitura esclareceu que:
"O prefeito Tiago Amaral lidera comitiva da Prefeitura de Londrina em agenda oficial em Nova York que ocorre durante a Semana do Brasil na metrópole norte-americana com o objetivo de mostrar os potenciais socioeconômicos do municípios para prospecção de novos negócios e oportunidades de investimentos a um público formado por lideranças econômicas, empresas investidoras e CEOs dos dois países."
Aliás, circulam rumores de que a viagem do prefeito nem sequer foi comunicada oficialmente. A Câmara Municipal, segundo dizem, não foi avisada da ausência, como determina a Lei Orgânica do Município.
A Prefeitura, por sua vez, se apressou em citar o Artigo 45, que diz: "O Prefeito poderá licenciar-se: III – para ausentar-se do País ou do Município." E ainda tem o parágrafo único: "O Prefeito e o Vice-Prefeito não poderão, sem licença da Câmara Municipal, ausentar-se do País ou do Município por mais de 15 (quinze) dias, sob pena de perda do cargo."
Ou seja: se voltar antes dos 15 dias, tá tudo certo. Pelo menos na letra da lei.
O problema é que, realmente, ninguém sentou numa mesa redonda ou mandou uma mensagem no grupão de WhatsApp pra organizar as agendas e garantir que, pelo menos durante a greve, um dos três estivesse em Londrina? Péssimo timing pra três viagens ao mesmo tempo.