Tem gente batendo na porta de associações, ONGs e até pequenas prefeituras aqui da região de Londrina. Quem são? Lobistas.
Gente que aparece dizendo que tem “acesso fácil” a deputados e verbas federais. Prometem liberar emendas parlamentares, desde que recebam uma parte. E o pior: tem entidade acreditando nesse crime.
Essas abordagens começaram a ficar mais frequentes agora em maio, depois que o Governo Federal refez os prazos que já estavam definidos para indicar as emendas ao Orçamento de 2025. Com isso, criou-se um vácuo. Onde falta regra clara, sobra espaço pra esperteza.
Muitos deputados conseguem indicar verbas para instituições ainda neste ano de 2025, ou até em 2026, mas não têm as tais entidades mapeadas na sua base. É aí que entra em cena “o negociador”.
A proposta desses lobistas é indicar a entidade para receber a emenda, ainda este ano ou no início de 2026. Há até quem proponha comprar o CNPJ da entidade, já que recomenda-se que as emendas sejam enviadas a associações com mais de dois anos de existência, para comprovar atividades anteriores.
A Secretaria de Gestão e Inovação do Ministério da Gestão e da Inovação em Serviços Públicos publicou o Comunicado nº 8/2025 com novas datas. Dias depois, veio o Comunicado nº 10/2025, dizendo que os cronogramas anteriores estavam sem efeito. A informação está no site oficial do gov.br/transferegov.
Segundo o governo, isso aconteceu por causa de negociações entre o Executivo e a Comissão Mista de Orçamento do Congresso. Ou seja, as datas e os critérios ainda estão sendo redefinidos. Enquanto isso, nos bastidores, rola uma movimentação silenciosa e perigosa.
Contadores e pessoas com cargo público (servidores ou comissionados) têm se apresentado como “intermediadores” de verbas. Dizem que conseguem dinheiro pra projetos sociais, equipamentos de saúde, reforma de escolas... Tudo rápido e fácil. Mas, claro, em troca de uma “comissão” ou um “agrado” por fora.
A gente sabe que o Brasil ainda não tem uma regulamentação clara pra atividade de lobby. Mas também não dá pra confundir isso com tráfico de influência ou corrupção.
O captador de recursos de verdade atua de forma legal: tem projeto técnico, documentação, prestação de contas. Tem CPF, CNPJ, responsabilidade e, muitas vezes, é inscrito na ABCR — Associação Brasileira de Captadores de Recursos. Bem diferente de quem está aparecendo por aí, geralmente só com conversa e promessa.
Emendas parlamentares não podem ser negociadas, nem por captadores de recursos. O Ministério Público já alertou em outras situações: aceitar esse tipo de proposta pode colocar a entidade em apuros. Se o recurso vier por meio de fraude, o presidente da associação ou o prefeito pode acabar respondendo por crime, mesmo sem saber de nada.
Por isso, o alerta é claro: desconfie de quem oferece dinheiro fácil. Procure saber se o projeto está cadastrado no sistema oficial, o SIOP. Verifique se o parlamentar realmente indicou a emenda. E, se possível, fale direto com o gabinete do deputado.
Deputado sério tem equipe, telefone, e-mail, presta contas do que faz e não negocia emendas parlamentares.
Então, entidade, a orientação é: mantenha os projetos prontos, com documentos atualizados mas não caia em conversa de lobista que aparece do nada oferecendo milagre.
O momento é de atenção redobrada. Porque, quando se fala em dinheiro público, o barato pode sair muito caro.