O prefeito Tiago Amaral (PSD) deve jogar xadrez nas horas vagas. Já começa maio com uma movimentação na Câmara Municipal de Londrina digna de um xeque-mate político.
O vereador Marcelo Oguido (PL), que até então era o porta-voz do governo dentro do Legislativo, deixou a liderança do Executivo. E quem surge como nome forte para assumir o cargo? Professora Flávia Cabral, do PP.
A troca deve ser oficializada hoje (ou na próxima sessão), embora os bastidores já ferviam o assunto há alguns dias.
Oguido, novato de primeiro mandato, é do PL (partido da base do prefeito), havia assumido a liderança em fevereiro deste ano. Agora, sai de cena, sem escândalo, sem alarde, mas também sem grandes marcas políticas. Aliás, sai depois de críticas públicas do presidente da câmara, não à ele, mas à cadeira de Líder.
Segundo o vereador Emanoel, (durante a 23ª Sessão Ordinária, último dia 29), o prefeito precisava mostrar mais respeito com a Câmara "preparando melhor o líder do governo, escolhendo logo um vice-líder e organizando direito os materiais que chegam para análise".
Parece que o prefeito entendeu e atendeu!
O que chama mesmo atenção nessa história toda é a nova aposta do prefeito. Flávia Cabral, além de vereadora, procuradora da mulher na casa e 3ª secretária da Mesa Executiva, vinha de um partido que, até pouquíssimo tempo atrás, era terreno da oposição. Vale lembrar que o PP foi o partido da candidata que enfrentou Tiago Amaral no segundo turno da eleição passada. Mas parece que a conversa do prefeito é convincente: bastou um café (ou quem sabe um almoço reforçado) e Flávia atravessou o pátio da Câmara e virou situação.
Com a mudança, se Flávia confirmar, o prefeito reforça sua base aliada e enfraquece o outro lado do muro. É um movimento estratégico para garantir que os projetos do Executivo passem com mais tranquilidade na Casa. Afinal, convenhamos, nada pior pra um prefeito do que ver proposta travada por birra política.
A liderança do governo na Câmara é, literalmente, o braço direito do prefeito entre os vereadores. É quem articula, negocia e, muitas vezes, apaga incêndios antes que virem crise. Se Flávia Cabral vai dar conta do recado? Intelecto e articulação a professora tem. Mas o fato é que ela agora tem a missão de fazer a ponte entre o Executivo e os demais parlamentares, e isso com uma caneta mais pesada e um lugar estratégico na engrenagem do poder. Só não sei como fica isso lá em casa, no PP.
Enquanto isso, a oposição tenta se reorganizar. Com menos uma voz no coro do “contra”, a turma do lado de lá vai ter que se virar para manter o fôlego no plenário.
A contar pelos partidos, somente PP e PT seriam oposição na casa.
O PSD do prefeito tem dois vereadores (Giovani Mattos e Antonio Amaral). O PL, de Filipe Barros, tem seis (Michele Thomazinho, Santão, Marcelo Oguido, Roberto Fú, Anne Ada e Marinho), todos também no time do governo. O Republicanos, com seus três vereadores (Chavão, Deivid Wisley e Emanoel), entrou no barco no segundo turno da eleição passada, e Sidnei Matias, o único do Avante, já era da coligação desde o início.
Na oposição, restam basicamente o PT, com Paula Vicente, e o PP, que a cada dia parece mais desidratado. Jessicão, Valdir Santa Fé, Mestre Madureira e Régis Choucino parecem bem confortáveis com a atual gestão. Até então, só sobravam Professora Flávia Cabral e Matheus Thum na linha de frente da resistência.
Sobrávam, né? Porque agora, Flávia também deve mudar de lado.