Se tem alguém que anda com um mês, digamos "turbulento" em Londrina, esse alguém é a vereadora Anne Moraes (PL). Conhecida pela defesa da causa animal (e também, agora, por outros motivos bem menos nobres), ela virou o assunto do momento nos bastidores da política local.
Tudo começou no início de abril, quando o programa Nota Paraná emitiu um relatório em que apontava uma alteração suspeita na ata da Associação Defensora dos Animais (ADA), presidida por Anne. A ata de encerramento do CNPJ, que deveria ser de novembro de 2022, milagrosamente saltou para dezembro de 2024. Acredite se quiser: a ONG teria fraudado a data para continuar abocanhando créditos do Nota Paraná, mesmo inativa.
O Ministério Público deu aquela investigada na 26ª Promotoria de Justiça de Londrina. E, no último dia 25, acabou dando um parecer favorável à vereadora. Dentro do encerra e não encerra, o CNPJ estava OK.
Antes mesmo desse parecer, a Vara da Fazenda Pública já tinha determinado que a ADA fosse passada para a responsabilidade da CMTU (Companhia Municipal de Trânsito e Urbanização). Uma intervenção judicial, afastando todo mundo da direção da ONG.
E por que essa intervenção? Porque havia uma forte suspeita de que as doações e os créditos do Nota Paraná não estavam exatamente indo para ração e vacinas. Entre os gastos chamativos, citados na liminar, aparecem locações de veículos, jantares em restaurantes, plano de saúde e até mensalidade de pós-graduação — tudo isso enquanto Anne postava fotos de animais "passando fome".
Em sua defesa, a vereadora admitiu uma "confusão patrimonial" entre suas contas pessoais e as da ONG, mas jurou que não houve irregularidade financeira. O caso ainda segue sendoinvestigado.
Como se isso não bastasse, na última quarta-feira (23), uma nova denúncia foi protocolada na Câmara Municipal de Londrina. Desta vez, o pepino é outro: a acusação é de que Anne teria usado assessores parlamentares, que são advogados pagos com dinheiro público, para defendê-la em processos particulares. Ou, poderia ser também advogados pessoais nomeados no gabinete.
Seja um ou outro, seria misturar o gabinete com assuntos de interesse pessoal (gabinete que por sinal está movimentado desde o começo do ano, contendo já 8 nomeações e 4 exonerações em quatro meses de mandato).
A denúncia, apresentada por Sandra Maria Rosa, afirma que um servidor comissionado chegou a participar de audiência durante o expediente, usando toda a estrutura da Câmara para cuidar de pendências privadas da vereadora.
Agora, a denúncia segue para análise do plenário da Câmara, onde os vereadores vão decidir se abrem ou não uma Comissão Processante (CP) para investigar tudo a fundo.
Detalhe que a denunciante Sandra Maria Rosa foi a coordenadora de campanha de Anne e recebeu R$10 mil por isso. Pelo menos é o que consta na prestacao de contas das despesas de campanha de 2024 da vereadora.
E para completar o enredo de novela, os suplentes já estão se animando. Há candidatos suplentes da coligação em que esteve o PL na última eleição consultando advogados e estudando a possibilidade de tirar Anne do cargo. Isto segundo o Blog Paçoca com Cebola.