Olha só quem resolveu reaparecer no noticiário político-policial do Brasil: ele mesmo, Fernando Collor de Mello. O ex-presidente — aquele mesmo que em 1990 se vendia como o símbolo da moralização e da luta contra os marajás — foi preso na madrugada de hoje, quinta-feira (25), em Maceió, Alagoas, enquanto se preparava para viajar a Brasília.
A prisão foi determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), e cumpre a condenação já definitiva do ex-senador. O motivo? Corrupção passiva e lavagem de dinheiro. E não foi pouca coisa: 8 anos e 10 meses de reclusão, mais 90 dias-multa.
Segundo o STF, entre 2010 e 2014, Collor teria embolsado cerca de R$ 20 milhões em propinas — tudo, claro, graças à sua influência política. Isso foi revelado lá atrás, durante a Operação Lava Jato. E o esquema envolvia, adivinha? Petrobras. A moeda de troca era a indicação de diretores e o "jeitinho" para facilitar contratos de obras. Aquela velha fórmula que a gente já conhece.
A condenação foi aprovada em maio de 2023, com um placar de 9 a 2. Depois de alguns recursos, o STF manteve a decisão em novembro de 2024. A Justiça brasileira, apesar de lenta, dessa vez foi até o fim.
A defesa do ex-presidente, que também foi senador por Alagoas até o ano passado, reagiu com o padrão: surpresa, indignação, mas disse que ele se apresentaria, como um cidadão de bem (sempre um cidadão de bem).
Agora está lá, custodiado na Superintendência da Polícia Federal em Maceió.
É o tipo de notícia que me faz lembrar como a história se repete. Collor foi o primeiro presidente eleito por voto direto após a ditadura militar, sofreu impeachment em 1992, ficou um tempo sumido e voltou nos anos 2000 como senador. Tentou reabilitar a imagem, dar uma de estadista e agora termina preso.
O mais curioso é que, mesmo com esse histórico, teve gente que ainda votou nele por três mandatos seguidos no Senado. Mas aí a gente entra em outro drama: o da memória seletiva do eleitorado brasileiro.