Em 2018, a Cativa, que é uma cooperativa agroindustrial aqui de Londrina, fez história no mundo cooperativista: comprou 100% da Confepar, uma central formada por cinco cooperativas (ela mesma e mais Colari, Copagra, Cofercatu e Coopleite). Ou seja, a “filha” virou mãe e incorporou todo mundo. Até aí, beleza. Parecia só mais um movimento estratégico do setor.
Mas agora, em pleno 2025, a bomba caiu de vez. A história bonita da fusão virou escândalo policial. O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (o Gaeco) jogou luz sobre um suposto esquema de desvio de dinheiro envolvendo justamente os caras que deviam cuidar da casa: o presidente da Cativa, o gerente administrativo-financeiro e um conselheiro administrativo.
Mais de R$ 18 milhões evaporaram depois da venda da área de laticínios da Confepar pra gigante multinacional Lactalis.
A investigação começou depois que o Gaeco recebeu denúncias e, claro, quebrou sigilos bancário e fiscal dos envolvidos. Aí o rastro apareceu: empresas de fachada, registradas em nome de laranjas, emitindo notas frias por serviços que nunca existiram. Coisa do tipo “agenciamento e intermediação de negócios”, pra justificar o dinheiro saindo do caixa da cooperativa.
Logo depois dos “negócios”, os investigados compraram fazendas, imóveis urbanos, carros de luxo. Agora "sequestrados" pela justiça. Quase R$ 20 milhões em bens, incluindo 19 imóveis, 10 créditos imobiliários e 10 veículos. A justiça também determinou monitoramento eletrônico dos investigados, suspensão de todas as atividades ligadas à cooperativa, proibição de contato com testemunhas e aquele combo de medidas cautelares.
Membros dos conselhos Fiscal e Administrativo da Cativa também estão sendo investigados por supostamente embolsarem, cada um, cerca de R$ 100 mil pra, digamos assim, aprovar sem perguntar muito.
A investigação segue. Quanto às medidas cautelares diversas da prisão, a pedido do Gaeco, o Judiciário determinou a monitoração eletrônica dos investigados, seu comparecimento periódico em Juízo, a proibição de acesso ou a frequência nos prédios da Cativa, a proibição de manterem contato com os investigados e as testemunhas, a proibição de se ausentarem da comarca sem prévia e expressa autorização judicial e a suspensão do exercício de todas as atividades desenvolvidas na Cativa e na Confepar Agroindustrial Ltda.
A ação veio à tona com 9 mandados de busca e apreensão e 22 mandados de imposição de medidas cautelares diversas nesta quarta-feira, 23 de abril.