Quem anda pela gleba palhano entre a Avenida Ayrton Senna e a PR-445 não pode deixar de notar que algo a mais tem ali.
É o monitoramento de várias entradas, saídas e ao redor dos condomínios. A Associação Alto do Palhano, que reúne 18 condomínios na área, resolveu investir pesado em vigilância. Agora, 34 postes com 70 câmeras de segurança estão espalhados pela vizinhança, vigiando tudo como um "Big Brother" – só que, nesse caso, não são os confinados que estão sendo observados, mas a galera que circula por ali. Ou que na verdade não deveria circular por ali. Já qque essas câmeras não estão sendo apenas instaladas para capturar rostos curiosos.
Elas estão integradas ao sistema de monitoramento da Guarda Municipal de Londrina. A Prefeitura, ainda no ano passado, liberou o uso de câmeras privadas para integrar a segurança pública, criando o que chamam de "Muralha Digital". Uma jogada que, quem diria, é quase uma versão local do "Smart Sampa", projeto de São Paulo, que também tenta juntar tecnologias para monitorar a cidade de forma mais eficiente. No entanto, aqui em Londrina, é um bairro que começa a ter essa atenção.
As câmeras não são apenas para observar, elas têm inteligência artificial embutida e até a capacidade de reconhecer placas de veículos. Ou seja, se você passar por ali com um carro suspeito, é quase garantido que vai ser identificado mais rápido do que no "Big Brother Brasil", só que sem a parte divertida.
Agora, vamos à parte que todo mundo gosta de discutir: privacidade. Para quem já está com o dedo no "bloquear" do celular, calma lá. As imagens das câmeras, por lei, só podem ser compartilhadas com a Guarda Municipal se forem de áreas públicas, como vias e praças. As câmeras que filmam dentro dos condomínios ou em áreas privadas não serão acessadas por ninguém. E, para garantir que ninguém saia "fuçando" onde não deve, as imagens ficam armazenadas em nuvem e só quem tem permissão (a Guarda Municipal, no caso) pode ver.
Neste mês de março, as câmeras da Associação Alto do Palhano continuam a ser instaladas, e logo se somarão às mais de 600 câmeras da Guarda Municipal, que monitoram toda a cidade. A previsão é que, até o início de abril, o sistema esteja 100% funcionando.
Se a moda pega em todas as outras Associação de Moradores de Londrina, a cidade vira um verdadeiro "Big Brother", com a vantagem de um "Smart Sampa", projeto de São Paulo que é praticamente a mesma receita, mas em escala maior.
O projeto tem zero dinheiro púbico. As câmeras são da iniciativa privada, a empresa GPR Digital, a manutenção dos softwares e o cuidado com as câmeras, por conta da Associação de Moradores Alto da Palhano. A Guarda Municipal só integra com o monitoramento que já tem.